O primeiro ano de implantação, 2022, do Projeto Algodão Agroecológico Potiguar (PAAP), realizado pelo Governo do Rio Grande do Norte através das secretarias Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (Sedraf), Emater e parceiros da sociedade civil, foi avaliado como um sucesso por envolver 254 famílias de agricultores familiares, área plantada de 339,5 hectares (a maior parte no Sertão de Apodi com 120 hectares), produção total de 117 toneladas de algodão e R$ 500 mil comercializado.
O PAAP foi criado por decreto em 21 de dezembro de 2021, com o objetivo de resgatar a cultura do algodão com base agroecológica, manejo adequado à proteção do meio ambiente e acesso ao mercado com comercialização justa.
Neste primeiro ano o PAAP está em 40 municípios e 102 comunidades. Dos 10 territórios do RN, oito participam (Alto Oeste, Sertão de Apodi, Sertão Central, Seridó, Assú/Mossoró, Mato Grande, Trairi e Potengi).
Na abertura do Seminário Estadual de Avaliação do Projeto Algodão Agroecológico Potiguar, nesta quarta-feira (23), no Auditório da Emater-RN, a governadora Fátima Bezerra disse que o RN já está colhendo frutos dos primeiros passos do projeto. “Este é um desafio ousado e temos como meta chegar à produção em mil hectares envolvendo mais de 800 famílias em 2023. Isto em um contexto do desenvolvimento sustentável e de proteção ao meio ambiente. Não tenho dúvidas do êxito do projeto pelo arranjo institucional e comprometimento das partes, o que é imprescindível para o sucesso e para a geração de trabalho e renda para nosso povo”.
Fátima Bezerra também destacou que o projeto tem para 2023 “novas parcerias importantes para avançarmos cada vez mais na melhoria da qualidade de vida do nosso povo, com trabalho, renda e inclusão social”. A governadora se referiu ao termo de compromisso assinado no seminário com a Embrapa Algodão para capacitação técnica de 300 famílias de agricultores familiares.
Titular da Sedraf, Alexandre Lima disse que o resgate da cultura do algodão no RN “acontece com novo modelo de produção e comercialização garantida a partir de preço justo. O Governo do Estado garante políticas públicas para atender ao produtor e promover desenvolvimento econômico e social sustentável. Em 2023 vamos fazer melhor e chegar a mil hectares de algodão implantado no RN”, reforçou.
Alexandre Lima enfatizou que o projeto não é só do Governo do RN, mas também das instituições e de todo o RN. “Ouvimos os setores desde a concepção do projeto que funciona como um grande guarda-chuva de ações para fazer ressurgir a cadeia produtiva do algodão em novas bases, com novo paradigma tecnológico, produtivo e de comercialização para darmos um passo adiante a partir dos princípios da agroecologia. Assim produzimos algodão em consórcio com culturas alimentares como milho, feijão, gergelim, e culturas para ração animal”.
Em 2023 o Sebrae-RN, além da Embrapa Algodão, também se soma aos parceiros do PAAP, que já conta com o Instituto Casaca de Couro, Diaconia, Central Justa Trama, Acopasa, Rede Xique Xique, Norfil, FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e Secretarias Municipais de Agricultura.
O representante da FAO para o Brasil, Gustavo Chianca, declarou que a agência internacional especializada em Agricultura e Alimentação tem entre seus objetivos a erradicação da fome e da pobreza. “Este evento mostra que estamos neste caminho, porque resgata a agricultura familiar. O RN se torna aliado da FAO pelas boas práticas aqui que servirão como exemplo e modelo para outros países”.
Por sua vez, Alderi Emídio, chefe da Embrapa Algodão disse que vê o seminário como um momento histórico. “Vemos que o RN saiu na frente na cultura do algodão ecológico. A Embrapa considera o projeto e o seu arranjo institucional como fortalecedor da cadeia produtiva e também como inclusão social pela produção consorciada com alimentos. A Embrapa entra de corpo e alma neste projeto”. Ele entregou à governadora Fátima Bezerra o livro elaborado pela Embrapa “Tecnologias Poupa Terra”, que ensina a produção em pequenos espaços.
Diretor-técnico do Sebrae RN, João Hélio disse que o órgão tem experiência com algodão na região Seridó “e agora se soma a essa nova experiência do Governo do Estado que é economicamente viável e sustentável. Considero que este é um projeto que vem para ficar”.
Também participaram do seminário o diretor-geral da Emater, César Oliveira; secretário adjunto da Sape, Marcelo Junior; Hugo Manso Junior, diretor Idiarn; João Bosco, da Agência de Fomento do RN; Geane Bezerra, consultora da FAO/ONU para o PAAP; vereadora e deputada estadual eleita, Divaneide Basílio; deputada estadual Isolda Dantas; deputado federal eleito Fernando Mineiro, que, como secretário de Estado, articulou a construção do PAAP com os órgãos e secretarias de Estado vinculados ao setor.