O desempenho do Brasil na área da matemática: é preciso mudar o ensino

O desempenho do Brasil na área da matemática, conforme evidenciado pelos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), tem sido objeto de análise crítica ao longo dos anos. A trajetória desde a entrada do Brasil na avaliação, no ano 2000, até os resultados mais recentes de 2022 revela um cenário preocupante: o de estagnação.

Um breve histórico: do avanço inicial à estagnação

Ao iniciar sua participação, o Brasil apresentou uma pontuação de 334 em matemática. Nos anos subsequentes, especialmente entre 2000 e 2006, houve um avanço significativo, atingindo uma pontuação de 370. No entanto, desde então, o país enfrenta uma estagnação preocupante.

Os dados indicam que ao longo de 16 anos, de 2006 a 2022, o Brasil experimentou um crescimento mínimo ou quase inexistente no desempenho em matemática. O país oscilou entre 380 pontos, sem alcançar avanços substanciais.

Desafios atuais e necessidade de mudanças
Embora uma parcela dos estudantes brasileiros, os 20% melhores avaliados pelo PISA, supere a média da OCDE, a maioria, representando 73% dos estudantes, não atinge sequer o nível dois da prova. Isso indica que esse grande número de pessoas está abaixo do mínimo necessário para utilizar esta disciplina básica como uma ferramenta de cidadania e interpretação do mundo.

É crucial compreender que este cenário observado não se traduz apenas em números: ele reflete a necessidade premente de reavaliar e reformular as abordagens no ensino da matemática. O trabalho na área de exatas exige repetição, treinamento e prática em conteúdos fundamentais, que, por sua vez, servem como alicerces para a compreensão de conceitos mais complexos.

Chamado para ação: mudança na abordagem da educação matemática
É imperativo que os esforços se concentrem na reformulação da abordagem da matemática nas escolas brasileiras. É necessário investir na construção sólida dos fundamentos da disciplina e, depois, dar significado a esses conceitos.

O atual desprezo pela criação de significados para as ferramentas matemáticas pode ser um fator contribuinte para a estagnação observada. Logo, é papel dos educadores repensar suas estratégias e buscar métodos inovadores para envolver os estudantes, tornando a matemática uma disciplina mais acessível e relevante.

É hora de agir. Somente assim poderemos capacitar nossos estudantes a dominar as ferramentas básicas da matemática e, mais importante, a compreender e aplicar esses conhecimentos de maneira significativa em suas vidas cotidianas e como cidadãos do mundo.

Por Átila Zanone, engenheiro, professor e coordenador de conteúdo do Fibonacci Sistema de Ensino

Facebook
WhatsApp